Anteriormente foram abordadas várias matérias sobre o combate dos efeitos da estiagem. Neste momento, será detalhado o assunto dos benefícios da infiltração da água no solo.
Foram examinadas as condições físicas, químicas e biológicas do solo para favorecer a penetração das raízes e armazenar água no seu perfil, mantendo a água da chuva onde ela cai, evitando as erosões e alimentando o lençol freático. Esta reserva irá fornecer água para plantas em momentos de estiagem. Com este movimento, acontecerá o retorno das nascentes na propriedade rural, que irão fornecer água de qualidade para lagos e rios, favorecendo o consumo humano e a dessedentação animal.
Outro impacto positivo é na qualidade das estradas rurais. A chuva que cai na lavoura não vem para estrada e a água que corre na via rural pode ser contida em pequenas cacimbas na propriedade, favorecendo a sua infiltração. Como consequência, teremos um melhor trânsito para retirar as produções da lavoura e trazer insumos às fazendas, diminuindo o custo de manutenção para as prefeituras.
Como citado nas primeiras matérias, tem-se em média, 1.622mm de precipitação pluviométrica por ano, em uma avaliação de 50 anos, conforme publicação da Emater-RS. Esta quantidade de chuva seria suficiente para condução das lavouras, mas o que ocorre é a concentração da chuva em alguns períodos, ficando outros em um longo tempo de estiagem, prejudicando a produção. Por isso, é importante proteger as nascentes que geralmente ficarão nas áreas de proteção permanente, com arborização completa, criando um microclima favorável para o ciclo das chuvas.
Só estes benefícios citados, já justificam a legislação municipal de pagamento por serviços ambientais (PSA) aos agricultores que aderem as ações para melhoria das questões climáticas, que favorecem toda a população.
Os benefícios da infiltração da água no solo se referem tanto à área rural como à área urbana. Observa-se que as cidades são muito impermeabilizadas, com baixa ou inexistente arborização, favorecendo, com as chuvas intensas, os alagamentos e os transtornos de enchentes, que causam muitos danos a todos.
É necessário mudar esta realidade, criando áreas de infiltração das águas no solo. Isto se faz com calçadas gramadas; menor impermeabilização nos pátios de casas e condomínios; ruas com cobertura asfáltica que absorve a água da chuva, diminuindo o deslocamento das águas superficiais. A arborização urbana correta deve ser intensificada porque boa parte da chuva é retida nas folhas das árvores próprias para a área urbana. Estas atitudes melhoram as condições dos córregos e rios, diminuindo o assoreamento e melhorando a qualidade da água para distribuir a população.
Na próxima matéria, será abordado em como implantar o pagamento por serviços ambientais.
A divulgação destas técnicas são os objetivos da ACSA-Associação de Conservação de Solo e Água para enfrentar estes problemas, através de cursos, dias de campo e publicações.
Eng. Agr. Humberto Dauber – ACSA