Em novembro do ano de 1978, o Estado do Rio Grande do Sul (RS) foi afetado pela passagem do fenômeno El Niño e registrou em sua história um capítulo sem precedentes quanto a perdas de solo por erosão hídrica. Naquela ocasião, esse evento ficou conhecido como “novembro vermelho” e cujos prejuízos econômicos às lavouras situadas no Planalto Riograndense foram estimados em 33 milhões de dólares pelos Professores Daniel Gianluppi, Iraci Scopel e João Mielniczuk, do Departamento de Solos da UFRGS, somente considerando as perdas com solo e nutrientes perdidos pela erosão hídrica, após 15 dias de chuvas intensas. Cabe salientar que naquela época as principais culturas da região eram soja e milho, perfazendo em torno de 4 milhões de hectares. A diferença fundamental em relação à época atual é a mudança em relação ao manejo do solo, que passou de um preparo convencional com uso de aração e gradagens para, em torno, de 75% sob sistema de plantio direto.
Transcorridos 47 anos, o RS experimenta um evento meteorológico ímpar em sua história, onde todos os recordes foram quebrados e onde os efeitos da enchente atingiram 94% dos 497 municípios do Estado. O foco imediato foi o salvamento de vidas, seguido do planejamento de reconstrução do Estado, na medida em que os dias passam. Toda reconstrução requer a elaboração de um diagnóstico da situação. Aqui, neste trabalho, o objeto é a situação da agropecuária gaúcha.