Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, foi o palco do estratégico Dia de Campo Solos. Realizado na última semana, o evento abordou o tema: manejo do solo e da água para ganhos de produtividade na lavoura e pecuária. Promovido pela Embrapa Trigo e a Sociedade de Agronomia do RS (SARGS), contou com a participação de 250 pessoas, entre pequenos, médios e grandes produtores rurais e cooperativas, além de agentes de Transferência de Tecnologia (TT-ATER). Todos interessados em conteúdos capazes de reverter a fase de estagnação no rendimento de grãos, que tem chamado a atenção de pesquisadores, técnicos e produtores.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, José Eloir Denardin, “a média nacional de rendimento de soja estabilizou no ano 2003, com 2.816 kg/ha, visto que a média no período de 2004 a 2018 é de apenas 2.784 kg/ha. O limitante desta estabilização está na degradação do solo, já que os demais fatores tecnológicos continuam evoluindo, com cultivares mais produtivas, defensivos mais eficientes, novos conhecimentos em manejo”, aponta.
Uma série de treinamentos (dentre eles o Dia de Campo Solos) voltados para a assistência técnica e produtores rurais em agricultura conservacionista, tem justamente o objetivo de ajudar a reverter esse quadro. A iniciativa é fruto de uma parceria firmada entre a SARGS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Emater/RS, UPF e patrocínio da Syngenta, além da própria Embrapa.
Segundo informações da Embrapa Trigo, os problemas com compactação do solo têm ocorrido em, praticamente, todas as áreas de cultivo sob Plantio Direto no Brasil. Os reflexos mais notórios desses problemas estão nas perdas das lavouras por estiagens de curta duração, resultado da compactação que impede o armazenamento de água no solo e disponibilidade às plantas. Além disso, o produtor percebe o aumento na demanda de fertilizantes, levados pela chuva nos processos de erosão. A preocupação motiva a condução uma rede estudos da Embrapa que envolve 11 estados.
Não à toa, três das quatro estações do dia de campo abordaram diretamente a temática compactação: Solo compactado: o risco de quebra de safras; Como descompactar o solo para ganhos de produção; Solo descompactado: impacto na produção de forragem, leite e carne; Rotação de culturas: impacto na produção de grãos.
Dados de 2015 do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) apontam que, no Brasil, as perdas de terra ao ano são estimadas 616,5 milhões de toneladas. A razão principal é o processo de erosão do solo em lavouras anuais, que geram custos da ordem de US$ 1,3 bilhão ao ano.
Treinamentos
O representante da SARGS, Humberto Dauber, explica que, neste ano, já foram realizados quatro treinamentos, atingindo 150 técnicos. A ideia das instituições reunidas em torno do projeto é propor ações simples e práticas, com resultados tangíveis, passíveis de adoção por qualquer propriedade rural gaúcha. O dia de campo em Passo Fundo é uma forma de ampliação dos conhecimentos para o produtor. A meta é atingir 1.800 pessoas, com a troca de conhecimentos, servindo de base para a publicação do Manual de Boas Práticas da Agricultura Conservacionista, prevista para o próximo ano.
“A partir da capacitação dos profissionais de assistência técnica vimos a necessidade de convencer o usuário final, responsável por fazer acontecer o processo de mudança no campo”, diz ele.
Da Redação FEBRAPDP
Galeria de fotos do dia de campo em 10/10