Na sequência da matéria sobre o combate dos efeitos da estiagem, vamos detalhar o assunto de como corrigir a fertilidade do solo no seu perfil.
Devido à evolução do sistema de semeadura direta, surgiram questionamentos sobre o manejo de fertilidade do solo, tendo em vista a diferente dinâmica dos processos de transformação e de acúmulo da matéria orgânica, bem como da ciclagem de nutrientes. Inicialmente, o entendimento desses processos era incipiente e as recomendações sobre o manejo de corretivos e fertilizantes eram realizadas com base nos critérios adotados para o preparo convencional, que são, na maioria das vezes, insatisfatórios. A principal consequência da adoção do SPD é o aumento do teor de matéria orgânica do solo, devido ao ambiente menos oxidativo e ao menor contato de resíduos vegetais com o solo.
A metodologia de aplicação de calcário envolve dois aspectos principais: modo de aplicação e dose, em função dos aspectos considerados no SPD. Sua aplicação superficial, sem incorporação ao solo, é pratica consolidada, justificada principalmente pela manutenção das características físicas, em especial pela agregação e pela complexidade positiva do sistema, em termos físicos, químicos, físico-químicos e biológicos, obtidos ao longo do tempo. A aplicação superficial de calcário sobre a matéria orgânica é muito mais eficiente do que a aplicação em sistemas com baixos teores de M.O., pois o calcário, pela elevação do pH, promove maior mineralização da matéria orgânica, com consequente formação de ânions.
A aplicação do gesso deve ser feita em área total, sempre antes do cultivo. As recomendações antigas indicam que a gessagem deve ser feita de um a três meses depois da calagem. A utilização do calcárioe do gesso agrícola é complementar, pois enquanto o calcário neutraliza a acidez do solo, o gesso agrícola neutraliza o alumínio tóxico em subsuperfície (20-40cm) e fornece cálcio nesta mesma profundidade. O calcário é um corretivo do solo, ou seja, ele corrige o pH do solo, já o gesso, é um condicionador de solo, atua como melhorador químico do ambiente radicular, principalmente devido a sua ação sobre o alumínio trocável. Então, o gesso atua nas propriedades químicas do solo, principalmente nas camadas subsuperficiais. Assim, o sulfato reage com o alumínio, diminuindo a toxidez de Al para as plantas e possibilitando o aumento do sistema radicular. Na fisiologia das plantas, o cálcio tem somente movimento ascendente, então temos que levá-lo até um metro de profundidade.
Para esta recomendação da necessidade de gessagem ideal a aplicar, é indicada pelo teor de alumínio maior que 0,5 cmol/dm³ e a saturação maior que 20%. A dose usual de aplicação corresponde a 25% da quantidade recomendada de calcário, aplicado superficialmente três meses após a aplicação do calcário. A dose de calcário é determinada pelo resultado da análise do solo de 0 a 10cm, pelo índice pHsmp ou por saturação de bases, dividida por dois, aplicada antes do plantio das culturas de inverno. Esta operação é importante para melhorar a disponibilidade dos nutrientes às plantas.
Na próxima matéria iremos apresentar os efeitos da matéria orgânica na fertilidade do solo no seu perfil e a correção dos nutrientes.
A divulgação destas técnicas são os objetivos da Associação de Conservação de Solo e Água para enfrentar estes problemas, através de cursos, dias de campo e publicações.
Eng. Agr. Humberto Dauber – ACSA